Por Paulo de Tarso Porrelli Pois bem! Em 2021 completei vívidos sessenta anos e, afirmo, sem um dia sequer sonhar em arredar os meus pés do batente. É bom viver! E nas linhas desse front peguei ainda menino o gosto pela leitura, quando meu pai lia Monteiro Lobato lá em casa. Descobri-me predestinado ao provocante e intátil convívio com as palavras, ao começar jovem a escrever poesias. Depois naturalmente vieram artigos, crônicas, contos e agora estou rabiscando um romance. Os rascunhos de letras de músicas estão engavetados. Quem sabe um dia?! Em 2008 publiquei um livro de poesias e o segundo veio oito anos depois, ambos catalogados na Coleção Latino-Americana da Biblioteca Britânica, em Londres. 'Poesia Muda' é o título do meu primeiro e-book. Participei de quatro antologias, uma através da FLUC – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra/Portugal. Outra como cronista vencedor do 7° Prêmio UFF de Literatura – Vinícius de Moraes 100 Anos, pela Universidade Federal Fluminense/RJ. Então, escrever e ler foram se tornando práticas vitais para mim. Acredito que escritores são para-raios deste mundo dicotomicamente fascinante e caótico. Observador e contemplador ativo e ágil, eu começara cedo a trabalhar em rádio, onde bater escanteio e cabecear em um mesmo lance é normal. Adolescente lá estava eu a datilografar as minhas primeiras reportagens para um jornal matutino local. Em paralelo, tocava em fanfarras, bandas de bailes e festivais. Trabalhava em teatro. Era fagotista bolsista na célebre EMP – Escola de Música de Piracicaba, àquela época sob a batuta do Maestro alemão Ernst Mahle. Produzia e divulgava shows, exposições de artes, palestras, espetáculos tantos. Aprendi a apreciar as tarefas dentro e fora dos palcos e bastidores. A vida é nada sem arte. Na capital paulista fui repórter da Jovem Pan AM (Rádio Pan-Americana S.A.), contratado pelo saudoso Fernando Vieira de Mello. Escrever e falar no rádio dá plena noção do valor do tempo e da importância das palavras, aprendi com o Mestre. No campo de assessoria de imprensa - pública e privada - mantive firme discernimento na administração de fluxos de informações, na elaboração e no desdobramento de Press releases e sugestões de pautas consistentes. Ser porta-voz é a arte de aproximar fontes e colegas de redações, para o bem da verdadeira informação. Na TV Bandeirantes trabalhei como produtor de reportagens e editor de textos do Jornal da Noite, ancorado por Roberto Cabrini, e em plantões do Jornal da Band. Na TV Globo fui editor de textos do Jornal Hoje, SPTV I e II, Jornal da Globo e em plantões doutros telejornais. Como diretor-presidente de uma FM pública, cumpri a grata missão de prestar serviços jornalísticos de essencial utilidade comunitária, transmitindo boa música e fomentando culturas, arte e entretenimento aos ouvintes de Piracicaba e região, no interior paulista. Para reforçar o papel daquela emissora, transformei cada break em minis-boletins educativos, com a participação de especialistas transdisciplinares – 24 horas no ar. O Professor Pasquale Cipro Neto foi um dos nossos preciosos colaboradores. Revendo a minha timeline enxergo que sempre vale a pena manter o olhar atento e desconfiado, as asas na cabeça e os pés na terra, o espírito de equipe e a inabalável vontade de aprender. Das checagens via fone nas redações às reportagens de campo São Paulo adentro e afora, até o debruçar sobre os teclados e a finalização nas ilhas de edição eu semeei e colhi sucessos - e insucessos, confesso.